terça-feira, 13 de maio de 2014
Você já pleonasmou hoje?
Todos os portugueses (ou quase
todos) sofrem de pleonasmite, uma doença
congénita para a qual não se
conhecem nem vacinas nem antibióticos. Não
tem cura, mas também não mata.
Mas, quando não é controlada, chateia (e
bastante) quem convive com o
paciente.
O sintoma desta doença é a
verbalização de pleonasmos (ou redundâncias)
que, com o objetivo de reforçar
uma ideia, acabam por lhe conferir um
sentido quase sempre patético.
Definição confusa? Aqui vão
quatro exemplos óbvios: “Subir para cima”,
“descer
para baixo”, “entrar para dentro” e “sair para fora”.
Já se reconhece como paciente de
pleonasmite? Ou ainda está em fase de
negação? Olhe que há muita gente
que leva uma vida a pleonasmar sem se
aperceber que pleonasma a toda a
hora.
Vai dizer-me que nunca “recordou
o passado”? Ou que nunca está atento
aos “pequenos
detalhes”? E que nunca partiu uma laranja em “metades
iguais”?
Ou que nunca deu os “sentidos pêsames” à “viúva do falecido”?
Atenção que o que estou a dizer
não é apenas a minha “opinião pessoal”.
Baseio-me em “factos reais” para lhe dar este “aviso prévio” de que esta
“doença
má” atinge “todos sem exceção”.
O contágio da pleonasmite ocorre
em qualquer lado. Na rua, há lojas que o
aliciam com “ofertas gratuitas”.
E agências de viagens que anunciam
férias em “cidades do mundo”. No
local de trabalho, o seu chefe pede-lhe
um “acabamento final” naquele
projeto. Tudo para evitar “surpresas
inesperadas” por parte do
cliente. E quando tem uma discussão mais acesa
com a sua cara-metade, diga lá
que às vezes não tem vontade de “gritar
O que vale é que depois fazem as
pazes e vão ao cinema ver aquele filme
que “estreia pela primeira vez”
em Portugal.
E se pensa que por estar fechado
em casa ficará a salvo da pleonasmite,
tenho más notícias para si.
Porque a televisão é, de “certeza absoluta”, a
“principal protagonista” da
propagação deste vírus.
Logo à noite, experimente ligar o
telejornal e “verá com os seus próprios
olhos” a pleonasmite em direto no
pequeno ecrã. Um jornalista vai dizer
que a floresta “arde em chamas”.
Um treinador de futebol queixar-se-á
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